Abalar é uma expressão muito usual no Alentejo. Abalamos se nos vamos embora e abalamo-nos de comoção, de emoção, do tempo que refresca e nos arrefece por fora e por dentro. É este o verbo, hoje é este o verbo.

O Outono disfarçado de um quase Verão é um chato. Faz-me lembrar os cães que primeiro que se deitem dão voltas e voltas, apenas para ficar no mesmo sítio. Assim está este tempo, em contra mão com o calendário. E enquanto isso, já não sei o que vestir, já me enerva o arrefecimento matinal e nocturno, quase me atrevo a dizer que reabriu a temporada do chá.

Apetece-me uma cura de férias, um banho de mar, uns dias de sossego a fundo perdido. Abalar!

Penso nisto, enquanto preparo um chá. Estamos no Outono e apetece-me um chá.

Mas sabem o que quero de verdade? Quero nunca me desabituar de dar uso às palavras, sobretudo às expressões do lugar que me viu crescer.

Abalar, um verbo com muita planície dentro e aves que abalam para outras paragens. Quem me dera voar com elas.

N.B.

 

 

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