“A DADA ALTURA AGARRAMO-NOS À DOR como se ela fosse um heroísmo e pomo-nos a expor feridas como quem exibe condecorações. A nossa cabeça de pessoas crescidas é complicada. Descobrimos que há um prazer em listar achaques e traições e, se a minha chaga puder ser maior do que a tua, tanto melhor, isso reforça o meu estatuto.  A verdade é que, se não tomamos atenção, a desgraça íntima torna-se um escanzelado pódio onde nos blindamos.” 

Sirvo-me de um excerto, de um texto de Tolentino Mendonça para refletir sobre Pódios,  lugar de sonho em qualquer campeonato. Claro, que há muitos pódios e muitos campeonatos. Confesso que ambiciono alguns, outros são lugar de celebração todos os dia,  trezentos  e sessenta e cinco dias, no ano.  Na maioria dos casos, todos concorremos para os alcançar. Nascem pódios, onde antes havia vazio. Nascem da mistura de um desejo ardente  com uma vontade firme. A força do inato e do que exige trabalho. É preciso a paciência e determinação de Penélope para fazer e desfazer e a certeza do desafio maior, que é amar. O mundo é redondo e ao virar da esquina tropeçamos uns nos outros na ânsia de chegar. Partilhamos pódios sem o saber. É isto que a vida nos faz, se deixarmos.

Ouço passos, lá fora, em modo de corrida e dentro de casa, também. Quantas vezes será preciso passar pela casa de partida? E o pódio, é meu? É nosso?

N.B.

 

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