Oficina, Chez Aziz, em Zagora. Expedição Marvão- Marrocos.

Marrocos foi atingido por um sismo de magnitude 6,8. Foi o destino escolhido da Expedição Marvão-Marrocos, organizado pela Horta do Tijolo, em abril de 2023.  Sinto de forma imperiosa a necessidade de manifestar solidariedade e homenagear o povo marroquino. Quem viaja apodera-se de alguma forma da cultura, da arquitetura tradicional e religiosa, dos lugares e das gentes. Viajar é  explorar um território, um lugar, através dos sentidos. Fazemo-lo sempre  e fizemo-lo em Marrocos. É com imensa tristeza e consternação que penso nas localidades das zonas montanhosas da cordilheira do Atlas. Pequenas aldeias e cidades, onde parámos para abastecer, conhecer, fotografar, ou entregar ao chefe da aldeia material escolar para as crianças. Por estes dias, recordo o rosto dos que se cruzaram mais de perto com o grupo, nos lugares onde pernoitámos. A atratividade de Marrocos é diversificada, Marraquexe é quase obrigatório conhecer. A Medina, fundada em 1076, Património Mundial da Humanidade, cartão de visita da cidade é, agora, zona de escombros.

Visitámos Marrocos na Páscoa, que coincidiu com o Ramadão. Sentimos a religiosidade, a tenacidade e resiliência dos marroquinos face ao clima, à distribuição da riqueza, das condições de habitabilidade e trabalho, de olhos postos na Europa. Conhecemos-lhes o entusiasmo, o sorriso, a capacidade extra para o “desenrascanço”, tão nosso, o respeito pela tradição, a hospitalidade e simpatia. Tudo parece pouco diante de uma catástrofe natural desta magnitude, no entanto acredito na transcendência de um povo, quando o vínculo humano com o território é ameaçado pela natureza. Uma reflexão sem fronteiras geográficas.

Rezo por todos os que ao acordar não encontraram a vida como ela era; por todos os que não acordaram; por todos os que desesperam; pelos que conheci e pelos que continuam sem tempo para sofrer ou pensar. Rezo com palavras de solidariedade e conforto, que não constam de nenhum livro sagrado. E todos os Deuses são ouvintes, porque todos conhecem o luto e o pranto e a luz que há de vir, para curar o que se perdeu.

Obrigada Marrocos.

N.B.

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