Quando chegamos a Marraquexe? -perguntam os viajantes e quem acompanha a viagem.

É já ali, prometo.

Praça Jemaa el-Fna

Já não há sol quando nos acomodamos no hotel fora do centro de Marraquexe. Sabe bem usufruir do conforto cosmopolita. Compostos e bem-dispostos saímos para jantar num restaurante de comida típica e com animação. Ninguém questionou sobre a animação, tudo é animação em Marrocos. Negociar táxis para todos, também. É imperativo negociar tudo, o guia, J.B. da Hora do Tijolo, sabe disso. O jantar acompanhou-se de música, danças tradicionais e uma surpresa: as mulheres são convidadas a vestir  kaftan, túnicas de diversas cores, bordadas, disponibilizadas pelo staff do restaurante. Ninguém resiste à energia viciante e alegre da música marroquina, muito menos trajando a rigor.

 

Os kaftans surpresa e a dança
O jantar (parte do grupo)
Dança tradicional

Marraquexe oferece tradição e modernidade. A cultura viva e dinâmica absorve o que é ocidental sem abdicar da identidade islâmica. É preciso conhecer a cidade nova, de ambiente moderno e cosmopolita e, a cidade murada, a Medina, fundada em 1076, Património Mundial da Humanidade. O tempo ou a ausência dele ditou escolhas. Por isso,  Marraquexe soube a pouco. Pretexto para voltar, os olhos ficaram, literalmente, na praça Jemaa el-Fna.

Às 18h, já a praça se agita na azáfama de montar as “tasquinhas de rua” com tendas, cozinhas, mesas, bancos. Num ápice a fisionomia da grande praça foi mudando, fervilhando de animação. São comerciantes com trajes orientais, mulheres a oferecer tatuagens de henna, artistas, músicos, encantadores de serpentes, amestradores de macacos de Gibraltar, vendedores de sumo de laranja, de chá e café, contadores de histórias.  A vibração vai para lá da praça e estende-se aos souks, às ruas estreitas e irregulares da Medina. Restaurantes rodeiam a praça Jemaa el-Fna com terraço e vista panorâmica. Há-os para todos as bolsas. O grupo divide-se, é a melhor maneira de aproveitar e fazer compras. A Medida de Marraquexe é diferente de Fez, permite uma incursão sem guia. As ruas estreitas são menos labirínticas. Voltam os curtumes, os sapatos marroquinos, as luminárias, as pratas, as especiarias.  E quando o sol se pôs, ouve-se o muezim que anuncia o fim do jejum. É sábado de Aleluia e amanhã domingo de Páscoa, tinha-me esquecido. Cresce o frenesim entre os locais que se apressam a “pôr a comida na mesa”, improvisada no chão ou sobre as pernas, ignorando os turistas, ávidos que estão de alimento. A devoção, a fé, o sacrífico, nunca os tinha visto assim. O som dos instrumentos musicais conduz-nos de novo à praça, onde temos encontro com o grupo para jantar.

O chamariz dos sumos

 

A experiência gastronómica numa das “tasquinhas” da praça é para guardar e repetir. Provamos de tudo numa espécie de rodízio de petiscos marroquinos. Destaco a “Pastilla”, uma espécie de pastel recheado de frango com amêndoas e canela. As mesas corridas servem à animação, palavra eleita da Expedição Marvão-Marrocos 2023.

A montra da tenda restaurante onde jantámos.

 

Cansaço? Carros a adivinhar reboque? Sim, mas estamos em Marraquexe. A partir daqui, é regresso.

Encurto caminho na escrita.

Asilah, a pequena cidade costeira conquistada pelos portugueses, em 1471 e abandonada em 1549, fica  a caminho de Tanger-Algeciras. É branca e azul, fortificada, exibe uma torre de menagem cuja recuperação teve o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian. Outro pretexto para voltar. É em Asilah, à volta de uma mesa farta em comida e bebida que o balanço se faz de brindes, discursos e agradecimentos.

Asilah

Fomos e voltávamos todos. Já as máquinas de quatro rodas, duas embarcaram rebocadas e demoraram-se mais no regresso.

Marvão,  Algeciras-Tanger; Chefchaouene, Fez, Merzouga, Zagora, Marraquexe, Asilah, Algeciras, Marvão – um percurso exigente que encontrou o tom simpático e leve de 44 pessoas capazes de um convívio exemplar.

É feito de orgulho e satisfação o livro de bordo.

N.B.

Marraquexe, no hotel
No barco

 

 

 

O grupo

 

Vestimos a camisola

                                                     ** ” Aquele que não viaja, não descobre o valor dos povos“

                                                                                       Provérbio Marroquino.

Escreva um comentário